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24.4.11

Little person

De "Sinédoque, Nova York".








I'm just a little person
One person in a sea
Of many little people
Who are not aware of me

I do my little job
And live my little life
Eat my little meals
Miss my little kid and wife

And somewhere, maybe someday
Maybe somewhere far away
I'll find a second little person
Who will look at me and say

"I know you
You're the one I've waited for
Let's have some fun."

Life is precious every minute
And more precious with you in it
So let's have some fun

We'll take a road trip way out west
You're the one I like the best
I'm glad I've found you
Like hangin' 'round you
You're the one I like the best

Somewhere, maybe someday
Maybe somewhere far away
Somewhere, maybe someday
Maybe somewhere far away
Somewhere, maybe someday
Maybe somewhere far away
I'll meet a second little person 
And we'll go out and play 




19.4.11

Meu passeio com Pina (e suas belas antíteses).

Introdução: acabei de voltar do espetáculo “Ten Chi” da Pina Bausch Tanztheater Wuppertal, cia da falecida bailarina e coreógrafa alemã, Pina Bausch. 1° vez que vejo ao vivo.

Senti vontade de dançar (básico).
Muita vontade.
De rasgar o espaço. Entrar num estado selvagem de bailado sem fim, des com passado, in certo, entregue, trôpego, lacerante, preciso (em muitos sentidos).
Não amei tudo, ainda bem – a primeira parte do segundo ato foi um saco, além de alguns momentos que apelidei carinhosamente de “shut up and dance!”.

Estavam lá. Corpos-em-vida (diriam Eugênio e Luis Otávio) que me arrebataram pela pura entrega. Indubitável.
Fazer.
Fazer com tudo.
E continuar fazendo.
...

No intervalo encontrei uma bruxa conhecida, que já foi minha irmã em outras vidas (mas nesta, nos conhecemos há pouco), trocamos umas poucas palavras, falamos do desejo de dançar, das inquietações. Isso foi mais um fator para somatizar meu desejo por rodopio.
Havia também a mão que tocava a minha, uma das saias sobre os ombros, um braço que roçava o meu, joelhos se tocando, partes do corpo companheiras de outras tantas danças, as de alcova e as de sala de ensaio. Esse contato constantemente me lembrando de que ‎"quando falar torna-se impossível, é preciso dançar!"
...

Já havia visto vídeos de Dominique Mercy, dançarino francês da cia, mas nada se compara a sentir o que aquela vida em movimento emana. A fúria calma dos movimentos de incerta precisão.
Senti a vida que me foi, a que me pulsa, e as milhares que podem vir a ser. Tava lá. Lembrei de meus mestres, dos caminhos que escolhi e mudanças que quero experimentar.
Fui transpassado com violência pelos corpos que cruzavam o ar, faziam flutuar o papel picado que os banhava, meio neve, meio sakura.
Ao fim um desejo de explodir. (quando vejo, já to emanando reiki, os chakras escancarados) Esmagando a mão que toco, pedindo apoio para o salto.
Uma japonesa (Azusa Seyama), presa em um movimento hipnotizante, uma fuga que se repetia, repetia, repetia...


Fim.
Fico introspectivo, não quero aplaudir e com medo de dispersar o que aconteceu. Fico lá um tempo, deixando as coisas se assentarem. Deixando o corpo digerir. Vem o pranto. Contrações pelo corpo viram um soluço. Vontade de se desfazer, de não levantar.


Senti vontade de morrer.
(Não uma vontade depressiva. Aquela boa, do tipo: “Caralho, agora posso morrer satisfeito”, que vem depois de algumas experiências transcendentais.)

Saí entorpecido, estimulado, vivo, com amor. Como se afetado por uma droga pesada, que conheço de algumas outras experiências artísticas.
Essa ainda vai me afetar por um bom tempo.




17.4.11

Hábito

Eu queria ser essa música:






Num domingo à tarde, de bicicleta, sentindo o vento de leve.







Admitindo a derrota.

Ok, lets face it.
Esse final de semana, você perdeu.
(“você”, no caso, eu)
Algo difícil de admitir, sendo orgulhoso como sou.
Certo. Do começo.
Final de semana passado acabou a temporada do Mahagonny em São Paulo. A temporada somada ao trabalho semanal estava sendo... bem... extenuante. Já falei bastante sobre isso.
Este final de semana era um sonho, que foi polido e esperado, como uma criança aguardando seu aniversário na semana que o antecede.
Nada de Virada Cultural. Eu ficaria em casa, em Campinas (Barão Geraldo, na verdade). Meus planos eram coisas simples, caseiras: dormir à tarde com a janela aberta, lavar o banheiro e o fogão, ler o “Pós-produção” e o “Hellblazer” (que estão faz duas semanas na cabeceira da cama), cozinhar e por aí vai.

Bom, o barco começou a ir a pique na quarta-feira.
Findada a temporada, fizemos uma apresentação em São Caetano, na terça.
Tudo ok, montagem sossegada. Apresentação sem sustos. (Quinquagésima, aliás)
Ao fim, tomamos uma chuva para carregar o cenário no ônibus, seguida por mais uma chuva para descarregar em Campinas. Chegada no ninho: aproximadamente 1h da madruga.
Acordei no dia seguinte para ir trabalhar e a cruel realidade me atingiu:
Estava resfriado e com a garganta inflamada.
Foi só eu relaxar pra minha resistência ir pras cucuias.
A merda é a que um resfriado associado a minha sinusite crônica faz com que eu fique, no mínimo, zuado. 
“Ora, isso não vai me abalar”, pensei, heroicamente.

Bem, de fato, não foi isso que me abalou.
A coisa foi que, mais uma vez, me julguei mais auto-suficiente do que tenho sido capaz de ser. Quis ficar sozinho, numa terra vazia, sem planejar ver ninguém achando que ia ser lindo. E agora paguei o pato.
Eu tenho esse hábito. Brigo com o mundo, queimo meus navios e depois sento e fico esperando. Triste.
Não sou uma pessoa de muitos planos. Achei que tinha pensado em coisas suficientes para me distrair esse final de semana, mas só vi que “isso não me faz feliz”.

Aí, de repente, estou sozinho, numa bad, vou dar uma volta de bike (sempre a bicicleta...) e me dou conta que, por mais que eu queira pedalar até cansar isso não vai mudar o fato de que perdi (Perdi! Ah... deixa pra lá...). Resolvo voltar pra casa e escrever.
Engraçado como faz semanas que quero escrever algo novo pro blog, mas falta aquele “start”. Tenho um arquivo de Word no meu desktop no Lume, chamado “What’s on”, onde coloco tudo sobre o que tenho vontade de escrever. Atualmente no “What’s on” tem coisas como: espinafrar (seu velho!) o bolsonaro e o cara que atropelou os ciclistas em Porto Alegre (que vai estar numa entrevista no fantástico amanhã), falar sobre o absurdo terceiro seio daquela modelo, sobre a guerra, raspar o recheio da bolacha como uma criança, saudades (e sua pieguice), moradores de rua, como andam meus treinos, etc...
Todos esses temas borbulhando e de repente, o que dá o bendito “start” é um final de semana frustrado.  

Olha, até que fiz várias coisas (além de destruir uns 3 rolos de papel higiênico, maldito resfriado!): Dormi até tarde (tomei um comprimidinho de Valeriana antes de dormir, só pra garantir que o nariz entupido não ia roubar meu sono), bati um bom café da manhã, li o “Hellbalazer”, fui de bike no D.Pedro, consultei uns preços de laptops, comi uma comida oriental, comprei alimentos saudáveis, assisti “Tomates Verdes Fritos” (Um dos filmes “míticos” que meus pais viram 47 mil vezes na minha infância mas eu sempre dormia e fui terminar de assistir só adulto – a saber: Forrest Gump, Rain Man, O Jardim Secreto, Casa dos Espíritos, etc...), mudei a barba (e odiei o resultado).
Depois de tudo isso, bateu aquela sensação de “Ta. E agora” 

(Essa coisa de fazer textos grandes às vezes tem seu charme, mas no momento acho que estou só sendo prolixo)

Bom, se eu fosse me dar um conselho, seria o seguinte:



Caralho. O infinito clichê da busca por felicidade. E eu com minha ansiedade.
Você nega o mundo para poder descansar em paz (hehe) e quando menos percebe, está gripado, sozinho, escrevendo “meu querido diário”, com a tv ligada pra fazer companhia...
Ah é, e se fazendo de coitado.
Panaca.
Bom, logo mais tem Altas Horas e depois, assim como Marcelo Novaes, vou mostrar que sou bom de cama e vou dormir bastante.
Pff...
Dessa vez vai assim, meio sem fim mesmo.