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4.7.11

Nascido em 4 de julho.

Nascido em 4 de julho.
Sempre dia nublado. Chuva no final da tarde. (nesse não choveu - ainda).
Piadinhas com o independence day. Mas é hoje mesmo? É, é hoje.

Festa de aniversário (sempre antes de 4 de julho) era cortar bandeirinha em páginas de revista, juntar lenha pra fogueira, bolo da tia Inês. Lego. Tinha lego também. Esperar os primos e o Alex, separar a roupa favorita, saber que tem gente que não vêm - a casa é longe. Ficar acordado até muito tarde. Até todo mundo ir embora.
A festa era sempre antes da data porque a irmã (a quem preciso me referir como “a mais velha”, nos últimos 7 anos) faz aniversário no dia 22 de junho. 11 dias entre os dois. Pra agradar todos os cancerianos da casa, faziam a festa no meio. Calhava de ser junho. Festa junina. Bandeirinhas e fogueira. Sempre tinham uns 2 ou 3 convidados que vinham de “caipiras”.

O filme nunca vi. Nascido em 4 de julho. Ta no meu hd, esperando.

Canceriano convicto. Emotivo (chorão), impulsivo, teimoso (tem que ser do meu jeito e oqueémeuémeueponto), tentando ser “legal” com todo mundo.
Com uma opinião pra tudo. A mãe, dentista, nunca fez um tratamento nessa boca sem ter que ouvir uma opinião de por onde era melhor começar a cutucar o dente.

Nascido em 4 de julho. Se achando sempre, mesmo no meio de todos, um pouco sozinho.
Criando mundos ao redor, sumindo, achando que não vão entender.

Gosta de cantar. De encantar. Não toca nem canta como um “músico” (sem falsa modéstia) mas adora isso. Aprender a tocar uma música, aprender a cantá-la, é como aprender um feitiço. Que pode causar diversos efeitos. Que pode tirar as pessoas do seu estado e colocá-las em outro. Só gosta de cantar apaixonado. Chora quando canta algumas coisas. Tem medo de cantar outras.

Nascido em 4 de julho.
Tem dificuldade com toque. Tem melhorado, mas ainda se assusta com o toque espontâneo, suave, e tenta logo dominá-lo. Se desarma pouco.
Caranguejo né, gente. Se olhar de frente tem duas pinças mas se pegar do jeito certo você desarma o bicho. Aí ele mostra o que tem pra mostrar. Coisa pouca, minha gente, uma cobertinha de lã.

Tem duas visões. Com óculos e sem. Dos 24 invernos, recém completados, passou 17 atrás das lentes. Quando vieram as de contato, começou a se sentir bonito. Não usa sempre, com medo de perder o efeito. Guarda pra cena, pra luta, pra corrida, pro palco, pra tentativa de conquista. Só quando guerreiro ou bardo.

Gosta de boas histórias. De bons vilões. De bons heróis. Mas também de tons de cinza.
Mente mal, apesar de ser um enrolador nato. (Acho que nunca consegui enganar alguém de verdade).
Fala, às vezes, em 3° pessoa e, às vezes, falo em 1°.
Gosta(o) de jogos linguísticos. Usa muitas vírgulas. 

Nascido em 4 de julho. Passou mais um. Sempre diferente. As festas ficaram menos freqüentes. Não que esse tenha sido ruim. Pelo contrário. Até ganhei um almoço.

Quando corta o bolo, sempre pede, de alguma forma, companhia.
(olha o perigo! se contar o pedido ele não acontece!)
Pra se livrar da solidão que enfiou na cabeça ser mais necessária do que é.
Recebe sempre muito carinho, mas não consegue administrar direito, guarda pouco pro inverno, gasta na hora. Reconhece pouco demonstrações alheias de afeto e acaba chateando e afastando os outros por isso.

Um menino. Com manias de velho. Com mania de se achar velho e de se meter em tudo.
Sonha. Gosta de dormir (mas dorme pouco, porque gosta de ficar acordado). Come muito doce. Adora se sentir bobo, mas não gosta de se sentir idiota.

Sinto saudades de muita coisa. E olho pra frente querendo paz de espírito pra sustentar as conquistas, firmeza pra atravessar as tempestades e loucura pra me manter em equilíbrio dinâmico.

Nascido em 4 de julho. Com muito chão pela frente.

Com amor.
Cauê